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Guia completo para escolha de uma secadora de grãos (versão Brasil)


1) Definição inicial: perfil da necessidade

  • Produtos: milho, trigo, cevada, arroz, girassol, arroz em casca, etc.
    → A umidade inicial, a temperatura ideal de secagem (plenum) e o risco de rachaduras variam conforme o tipo de grão.

  • Capacidade-alvo: capacidade real de secagem (ton/h).
    → Ex: Se a colheita for de 12 t/h, recomenda-se uma secadora de pelo menos 15 t/h líquidos, com margem de segurança.

  • Redução de umidade (Δ%UR): Exemplo: baixar de 20% para 13%.

  • Clima e época: Umidade relativa alta, clima frio ou janelas de colheita curtas exigem maior temperatura e vazão de ar.

  • Energia disponível: gás GLP, gás natural, diesel, biomassa ou eletricidade.
    → Avaliar acesso, custo por unidade e confiabilidade do fornecimento.


2) Princípios de secagem e tipos

  • Lote (batch): carga, seca, descarrega, repete.
    → Flexível, ideal para pequenas/médias propriedades, fácil de ajustar para diferentes culturas.

  • Fluxo contínuo (continuous): fluxo constante, indicado para grandes volumes e integração com silos e sistemas de limpeza.

Tipos de fluxo de ar:

  • Contrafluxo (counter-flow): alta eficiência energética, bom controle da umidade final.

  • Fluxo misto (mixed-flow): secagem uniforme, menor risco de rachaduras.

  • Fluxo cruzado (cross-flow): comum e simples, mas pode gerar secagem desigual se não for bem controlado.

  • Leito fluidizado ou em camadas: ideal para grãos pequenos ou produtos sensíveis.

📌 Dica prática: Solicite ao fabricante os dados de vazão de ar (m³/h·ton), pressão estática (Pa) e temperatura do ar quente (plenum) recomendada para cada produto.


3) Dimensionamento

  • A capacidade não é apenas t/h; deve considerar:

    • Umidade inicial e final

    • Condições ambientais

    • Tipo de produto

  • Tempering (repouso) e resfriamento influenciam a capacidade (especialmente em milho e arroz).

  • Fórmula de lógica prática:
    (ton/h de colheita + margem) × Δ% umidade × fator de dificuldade climática

  • Exija curvas de desempenho garantidas: capacidade sob diferentes umidades e climas.


4) Sistema de energia e eficiência

  • Queimador: controle modulante, monitoramento de chama, baixa emissão (NOx/CO), opção de recuperação de calor.

  • Consumo específico: Solicite garantias em:

    • kWh ou combustível (L/m³) / ton / ponto de umidade

  • Recuperação de calor: reduz drasticamente o consumo. Requer controle de condensação e anticorrosão.

  • Isolamento térmico e vedação: perdas superiores aumentam o gasto. Ideal: estrutura dupla + isolamento.

  • Motores elétricos: padrão IE3/IE4 com inversores de frequência (VFD) para economia de energia.


5) Controle de ar e temperatura

  • Ventiladores: alta vazão por tonelada, baixa vibração, proteção IP (ambientes externos).

  • Temperatura do plenum: limites específicos por produto (arroz exige menos, milho tolera mais).

  • Sensores de umidade: medição online na entrada e saída com acionamento automático.

  • Controle de circuito fechado (PID): mantém estabilidade mesmo com mudanças no clima ou umidade do ar.


6) Secagem suave e qualidade do produto

  • Rachaduras internas: causadas por secagem muito rápida ou temperaturas muito altas → perda de qualidade.

  • Danos como quebra de casca e pontas são evitados com elevadores e transportadores suaves.

  • Uniformidade: canais misturadores, sensores múltiplos e controle inteligente melhoram os resultados.


7) Automação, monitoramento e integração

  • SCADA/HMI: telas intuitivas, gráficos de tendência, histórico de alarmes.

  • Acesso remoto/IoT: monitoramento por celular ou computador, diagnóstico remoto e atualizações.

  • Gerenciamento por receita: presets de parâmetros para cada produto (temperatura, ventilador, repouso).

  • Integração total: compatível com limpeza, aspiração, silos e coleta de pó.

  • Registro de dados: entrada/saída de umidade, tempo, consumo de energia → essencial para rastreabilidade e custo.


8) Poeira, segurança e regulamentação

  • Explosão de poeira: proteção antifaísca, painéis de alívio, válvulas corta-fogo e aterramento.

  • Incêndio: sensores de chama e temperatura, extinção automática (neblina ou água), botão de emergência.

  • Segurança de gás/combustível: testes de vedação, detecção de chama, válvulas de segurança.

  • Normas obrigatórias:

    • NRs brasileiras,

    • Certificação NR-10, NR-12,

    • Possivelmente ATEX/CE se importado.

  • Ruído e emissões: atender leis ambientais → usar silenciadores e filtros de poeira (ciclone ou manga).


9) Materiais e manutenção

  • Estrutura: aço galvanizado a fogo ou inox AISI nas áreas expostas a vapor ou condensação.

  • Limpeza fácil: portas de acesso, plataformas seguras, peneiras removíveis.

  • Peças de desgaste: helicoidais, caçambas de elevador, rolamentos e correias → fácil acesso e substituição.

  • Lubrificação: sistema central ou pontos acessíveis; áreas quentes devem ter proteção térmica.

  • Peças e assistência técnica: prazo de entrega, rede de serviço regional, condições de garantia (peças + mão de obra).


10) Instalação e infraestrutura

  • Base de concreto: cálculo estrutural adequado às cargas e vibrações.

  • Vento predominante: evitar que gases e calor se dirijam a áreas de trabalho ou produtos.

  • Parte elétrica: painéis com proteção IP adequada, disjuntores, aterramento e ar comprimido (se necessário).

  • Distâncias de segurança: tanques de combustível, redes de gás, construções próximas.

  • Logística no pátio: acesso para caminhões, fluxo de entrada e saída, evitar gargalos.


11) Boas práticas operacionais

  • Secagem em etapas + repouso melhora a qualidade (essencial no milho e arroz).

  • Resfriamento controlado: evita o “rebote” da umidade após o secado.

  • Pré-limpeza: elimina finos e impurezas → melhora fluxo de ar e reduz risco de incêndio.

  • Amostragem constante: na entrada e saída + medidor de umidade calibrado.


12) Tradução real das promessas dos fabricantes

  • “Baixo consumo de energia” → só é real com recuperação de calor + isolamento + queimador modulante + ventilador eficiente. Exija garantia por escrito.

  • “Secagem uniforme” → geometria de fluxo misto, sensores em vários pontos, controle inteligente.

  • “Secagem suave / menos quebra” → exige controle de temperatura, secagem em etapas e repouso.

  • “Alta capacidade” → só vale se indicar umidade inicial/final e clima. Solicite diferentes tabelas.

  • “Totalmente automático” → só é real se tiver: controle PID, acesso remoto, histórico de dados e alarmes.


13) O que incluir no contrato

  • Garantia de capacidade: t/h @ [produto, umidade inicial, clima, umidade final]

  • Tolerância de umidade final: ex: ±0,5%

  • Consumo específico garantido: kWh ou L/ton/%umidade

  • Limites de dano aos grãos: rachaduras, quebras, fissuras

  • Ruído/emissões: dB(A) @ distância, emissão de poeira

  • Comissionamento, treinamento e pacote de peças sobressalentes: incluídos

  • Teste de aceitação (SAT/FAT): critérios claros + consequências em caso de falha


14) Plano de manutenção resumido

  • Por turno: verificação de pontos quentes, coleta de amostras, inspeção visual

  • Semanalmente: limpeza de filtros/aspiração, calibragem de sensores, correias e rolamentos

  • Por safra: revisão do queimador, sensor de chama, lubrificação, inspeção de corrosão

  • Anualmente: balanceamento de ventilador, termografia elétrica, troca de válvulas/painéis ATEX


15) Custo e retorno do investimento

  • Custo total de propriedade (TCO) = compra + instalação + combustível + manutenção + perdas por filas ou qualidade.

  • Combustível é o maior custo → isolamento, VFD e recuperação de calor se pagam rápido.

  • Com registro de dados, é possível controlar melhor até 1% de umidade, o que gera grande economia.


📄 Checklist rápido (pronto para imprimir):

  • Produtos e umidades típicas (inicial/final)

  • Capacidade t/h real sob as condições

  • Vazão de ar e pressão estática

  • Temperatura recomendada por produto

  • Sensores online de umidade (entrada e saída)

  • Garantia de consumo específico (escrita)

  • Etapas de repouso e resfriamento

  • Proteções contra fogo, poeira e explosões

  • SCADA, acesso remoto, registro de dados

  • Materiais, acabamento e facilidade de limpeza

  • Prazo e disponibilidade de peças

  • Ruído e emissão ambiental

  • Plano de testes de aceitação (SAT)